Galatéa
Galatéa
egloga
Book Excerpt
pranto, os ais, e os ultimos gemidos:
Já com trémola voz, e a cada instante
Vella convulsa, afflicta, e delirante,
Sem alento, sem côr desfalecida,
Dando hum suspiro, e acabando a vida!
Oh Ceos! Que horror concebo em ponderallo!
Eu tremo, gélo-me, e de dor estallo:
Que coração tão barbaro haveria,
Que obrasse tão enorme tyrannia?
Eu teria valor, se a offendesse,
Para vella morrer, sem que eu moresse?
Não, não teria tanta impiedade,
Que vendo cahir morta hume Deidade,
Não me sahisse deste insano peito?
O duro coração de dor desfeito.
Nem mais contemplar quero tal desgraça,
Que parece, que o Ceo já me ameaça,
Que a terra vejo abrir, que já comigo
Se abate, e me confunde por castigo.
Ah! Minha Galatéa, vive embora,
Bem que me sejas infiel, traidora:
Ainda te amo, se bem, que o não mereças;
Já com trémola voz, e a cada instante
Vella convulsa, afflicta, e delirante,
Sem alento, sem côr desfalecida,
Dando hum suspiro, e acabando a vida!
Oh Ceos! Que horror concebo em ponderallo!
Eu tremo, gélo-me, e de dor estallo:
Que coração tão barbaro haveria,
Que obrasse tão enorme tyrannia?
Eu teria valor, se a offendesse,
Para vella morrer, sem que eu moresse?
Não, não teria tanta impiedade,
Que vendo cahir morta hume Deidade,
Não me sahisse deste insano peito?
O duro coração de dor desfeito.
Nem mais contemplar quero tal desgraça,
Que parece, que o Ceo já me ameaça,
Que a terra vejo abrir, que já comigo
Se abate, e me confunde por castigo.
Ah! Minha Galatéa, vive embora,
Bem que me sejas infiel, traidora:
Ainda te amo, se bem, que o não mereças;
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