Elegia da Solidão
Book Excerpt
a Fernando Maristany
O incendio do sol-pôr exala um fumo rôxo
Que ás cousas vela a face...
A macerada flôr da solidão renasce;
O seu perfume é fria e branda magua,
Bruma que já foi agua...
Todo sombra e luar esvoaça o môcho;
Uma nuvem enorme, ao longe, no poente
Desvenda o coração que se deslumbra
E abraza intimamente...
O silencio a crescer, é onda que se espalha...
Sente-se vir o outomno; é já noitinha, orvalha...
Nos êrmos pinheiraes gemem as _noitibós_
E vultos de mulher, sumidos na penumbra,
Passam cantando, além, com lagrimas na voz...
Ó tristeza do mundo em tardes outomnaes!
Longinqua dôr beijando-nos o rôsto...
Crepusculo esfumado em intimo desgôsto,
Bôca da noite acêsa em frios ais...
Aparição soturna, vaga imagem
Do mêdo e do misterio...
Que solidão escura na paisagem!
Tem phantasmas e cruzes,
Tem ciprestes ao vento e moribundas luzes,
Como se fosse um gra